Dr. Gamaliel Marques

Dr. Gamaliel Marques

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vida sobre duas rodas

Especial // Das cinquentinhas às 1300 cc, as motocicletas fizeram a cabeça do brasileiro. Conheça a história dos profissionais das duas rodas e a opinião dos especialistas a respeito do estresse do trânsito.

Taciana Góes // tacianagoes.pe@dabr.com.br

Elas são ageis, úteis e compactas.

Cabem em pequenos espaços e no orçamento da família. É instrumento de trabalho e de paixão. São econômicas. Percorrem quilômetros com poucos litros de combustível. Para muitos, a moto é o grito de liberdade, a independência dos ônibus, metrô e até da carona do amigo. Já outros (leia-se boa parte) literalmente comem, bebem, estudam, sustentam seus filhos, graças às suas motos. São os motoboys, motogirls, motofrete, mototáxi.


Populares e de baixa cilindrada são as "donas das ruas". Foto: Pedro Bicudo/Dafra/Divulgação

Populares e de baixa cilindrada são as "donas das ruas". Foto: Pedro Bicudo/Dafra/Divulgação.

O setor deu uma reformulada neste ano, com a regulamentação da nova lei dos profissionais da moto. Outras mudanças também aconteceram na área tecnológica, com o lançamento da primeira moto flex no Brasil e a inclusão do sistema de injeção eletrônica em modelos

de baixa cilindrada.Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) colocam o Brasil como o 4º lugar no ranking de produtores mundiais de motos. Atualmente, a frota do país é de 13,7 milhões, uma média de uma para cada 14 habitantes. E as projeções para o próximo ano continuam otimistas, quando um crescimento de 10% a 25% nas vendas é aguardado pelo setor. "De uma forma geral, o setor de duas rodas deve ter em 2010 um aumento de 16% com relação a 2009. Estimamos a comercialização de 1,940 milhão de motocicletas", informa o diretor executivo da Abraciclo, Moacyr Paes.

As associadas à Abraciclo representam 98% da produção brasileira, pois reúne um time de 11 empresas do setor de motos, como Honda, Yamaha, Kasinski, Kawasaki, Dafra. Ainda falta a adesão de marcas já conhecidas do público como Shineray e BMW. A maioria está concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM), que congrega 11 indústrias fabricando motocicletas e com espaço para aprovar os projetos de mais 10 fábricas, segundo o diretor da associação. "Estamos só aguardando a aprovação do governo para autorizar a implantação de mais 10 marcas", fala Moacyr.

A ascensão na curva da produção é percebida não só nas capitais, mas nas cidades interioranas, pouco desenvolvidas. Se antes o deslocamento era feito apenas com animais, ônibus ou mesmo com os próprios pés, hoje o brasileiro conta com facilidades do crédito para obter sua moto. Infelizmente, quem mais precisa das motos são profissionais autônomos, que ainda não têm como comprovar a renda. O que dá um certo freio no mercado. A crise ainda não acabou, pois está difícil conseguir financiamento e a maioria das classes C, D e E precisa de avalista.

É no perfil do motoqueiro que se encontra uma cruel realidade. Cerca de 56% dos proprietários de motos são analfabetos, 10% não terminaram o fundamental, contra 15% que concluíram e os 18% do ensino superior. Por causa destes dados, Ezequiel Vieira, presidente do Sindicato dos Motoqueiros de Pernambuco (Sindimoto-PE) encontra dificuldades para fortalecer a categoria. "Ainda existe muita clandestinidade, irregularidades trabalhistas, pois as empresas não respeitam a convenção coletiva e os profissionais têm medo de represálias", esclarece Ezequiel.

Hoje são 10 mil motoqueiros registrados no sindicato, mas estima-se um total de 60 mil em atividade. De qualquer forma este número (10 mil) já é um reflexo da nova lei dos mototáxis e motofretes, pois antes de ser sancionada pelo presidente Lula, em junho, eram apenas 5 mil. A alteração na legislação foi comemorada pelos profissionais da moto, mas no Recife não há otimismo quanto a regularização. "Nós contactamos a CTTU, criamos uma comissão e estamos programando uma capacitação para começar no dia 11 de janeiro próximo. Mas até agora não obtivemos resposta", reclama Ezequiel Vieira.

Barata - A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) realizou um comparativo de gastos entre veículos no Brasil e o resultado é animador para o mercado motociclístico. Com R$ 6 por dia é possível pagar a prestação de uma moto e com um litro de gasolina é possível se deslocar por até 42 km.

Na pesquisa foi verificado que o custo de se deslocar sete quilômetros com uma motocicleta é de R$ 1,49, enquanto de ônibus sai por R$ 1,96. A conclusão não poderia ser outra: é melhor investir no seu próprio veículo, ganhar agilidade e economizar.

Perfil dos motociclistas

- Idade:
Até 20 anos - 7%
21 a 35 anos - 40%
31 a 40 - 25%
Acima dos 40 - 28%

- Escolaridade:
Analfabetos - 56%
Fundamental Incompleto - 10%
Fundamental - 15%
Curso Superior - 18%

Fonte: Abraciclo

Teto do motoboy/motogirl em Pernambuco:

R$ 537 + 20% da insalubridade + uma cesta básica de R$ 60
Aluguel da moto - R$ 16,05 (por dia)

Sindimoto/PE
Rua do Sossego, 312, Boa Vista
Fones: 30615224/87563689/ 86441016

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/11/12/carro1_0.asp

Nenhum comentário: