Dr. Gamaliel Marques

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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Disputa de terras pode ter motivado assassinato de promotor


Mysheva Martins, noiva do promotor, se desespera diante de uma foto de Thiago em cima do caixão, durante o velório no Centro Cultural Rossini Alves Couto, em Recife
Foto: Hans von Manteuffel
Mysheva Martins, noiva do promotor, se desespera diante de uma
 foto de Thiago em cima do caixão, durante o velório no Centro Cultural
 Rossini Alves Couto, em Recife Hans von Manteuffel
 
RECIFE - A polícia já tem o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do promotor de Itaíba (PE), Thiago Faria Soares: é o agricultor José Maria de Paula, que tem prisão preventiva decretada, mas está foragido desde o dia do crime. O secretário executivo da Secretaria de Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou nesta terça-feira que a principal linha de investigação da polícia aponta que o crime foi motivado por disputa de terras.
 
O promotor teria se envolvido em um processo de reintegração de posse de uma fazenda, de propriedade da família da noiva, Mysheva Freire Ferrão Martins, em Águas Belas, onde o casal pretendia residir, após o casamento marcado para o dia 1º de novembro.
 
Thiago Soares, de 36 anos, viajava em companhia da noiva e de um tio dela, quando teve seu carro interceptado por um Uno escuro, na estrada entre Itaíba e Águas Belas, no interior de Pernambuco. O promotor foi morto com quatro tiros na cabeça. Os dois outros passageiros do carro não foram atingidos pelos disparos.
 
Segundo a polícia, o agricultor suspeito tem extensa folha criminal e tinha uma briga com a família da noiva do promotor por questões de terra. A reintegração de posse em favor da família de Mysheva foi emitida em junho, mas o agricultor se negava a deixar a propriedade. O promotor teria ajudado a família da noiva a reconquistar 25 hectares da Fazenda Nova, à qual teria direito por herança.
 
— Até o momento, tudo indica que a motivação foi pessoal e não em função do cargo que o promotor ocupava — disse o chefe da Polícia Civil de Pernambuco, delegado Osvaldo Morais, durante o velório, que está sendo marcado pela comoção.
 
Segundo o secretário estadual de Defesa Social, Wilson Damázio, não restam dúvidas de que o crime foi uma execução e que o alvo era somente o promotor.
 
- O assassino teve oportunidade de matar outras pessoas, mas só atingiu o promotor.
A noiva do promotor chegou de Itaíba para o velório. Toda de preto e chorando muito, ela gritava:
 
— Perdi um pedaço, ele era tudo para mim.
 
De lá mesmo, ela saiu para o Instituto de Medicina Legal, para fazer exame de corpo de delito. Ela viajava com a vítima, quando ele foi executado. Ela já depôs à polícia, que informou que o crime foi praticado por dois homens. Ex-aluno do promotor, a quem elogiou pela dedicação e pela inteligência, o padre José Severino de Arruda afirmou que ele estava deixando o magistério.
 
— Ao ser aprovado em concurso, ele me disse que estava muito feliz porque encontrar sua vocação. Era fascinado pela carreira — afirmou, após encomendar o corpo.
 
Nesta terça-feira, chegou a Recife uma missão de promotores para acompanhar as investigações. O coordenador do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas, Everton Alves Aguiar, afirmou que as investigações policiais estão muito adiantadas, mas não quis confirmar se a questão agrária motivou o crime.
 
O procurador-geral de Justiça em Pernambuco, Aguinaldo Fenelon, negou que haja 19 promotores ameaçados em Pernambuco, contestando informação divulgada por um jornal local. Disse que são no máximo três.

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