Fidel Castro era presidente de Cuba desde a Revolução Cubana (1958-1959), que derrubou o governo pró-americano do general Fulgêncio Batista. Esta revolução tinha um caráter nacionalista e socialista, pois recebeu forte influência do “companheiro” Ernesto Che Guevara (conhecido como “Che”) e do irmão de Fidel, Raúl Castro.
Após a revolução, Fidel Castro aproxima-se da União Soviética, fazendo de Cuba uma aliada do socialismo na América.
Castro ocupou o cargo de primeiro ministro da República de Cuba de 1959 até 1976. Em 2 de dezembro de 1976, passa a ser o presidente do Conselho de Estado (chefe do Estado) e presidente do Conselho de Ministros (chefe de governo) de Cuba. Além de todos os cargos que acumula no governo, é o primeiro secretário do Partido Comunista Cubano desde a fundação em 1965.
Mais objetivamente pode-se dizer que o regime de Fidel cerceou a democracia e os direitos humanos.
Infância e estudos
Nascido da união entre Ángel Castro Argiz, imigrante da Galiza, e Lina Ruz González, Fidel Castro, que é canhoto foi educado em colégios jesuítas, como o La Salle, Dolores (ambos localizados em Santiago de Cuba) e Colegio Belén (em Marianao, Havana). Foi um acólito (ajudante do padre na missa). Alto e de porte atlético, foi premiado como o melhor atleta estudantil secundarista cubano em 1944. Em 1945 entrou na Universidade de Havana. Enquanto cursava o segundo ano (1946-1947) editou, em colaboração com Baudilio Castellanos, o periódico mensal Saeta, impresso em seu mimeográfo pessoal, no qual reproduzia além de outras coisas, conferências de classes para entregar gratuitamente a seus colegas de estudo.
Durante sua permanência na Universidade de Havana (onde graduou-se em Direito em 1949), foi dirigente da Federação de Estudantes Universitários (FEU) a diferentes instâncias, participou da frustrada expedição de Cayo Confites (1947) para lutar contra a tirania de Trujillo na República Dominicana e colaborou no projeto para celebrar o Congresso Latino-americano de Estudantes que coincidiu com a IX Conferencia Panamericana, o que o levou junto a Alfredo Guevara, dentre outros, a Colômbia.
Início da carreira política
Depois de graduado, dedicou-se de modo especial à defesa dos opositores ao governo, trabalhadores e sindicatos, denunciou as corrupções e atos ilegais do governo de Carlos Prío através do diário Alerta e das emissoras Radio Álvarez e COCO e se vinculou estreitamente ao Partido do Povo Cubano (Ortodoxo) que era liderado por Eduardo Chibás, partido pelo qual sería candidato a Representante nas eleições de 1952. O golpe de estado em 10 de março de 1952 por Fulgencio Batista, ao qual Fidel condenou no diário La Palabra e pretendeu levar aos tribunais, o convenceu da necessidade de buscar novas formas de ação para transformar a sociedade cubana.
Nos dias que seguiram o golpe, imprimiu em mimeógrafo e distribuiu clandestinamente sua denúncia. Se uniu a jovens que editavam o periódico mimeografado clandestino, Son los Mismos, sugeriu a troca de seu nome pelo de El Acusador e foi co-editor deste novo órgão, onde assinou seus trabalhos apenas com seu segundo nome, Alejandro. Este mesmo pseudônimo utilizaria mais tarde em suas correspondências e mensagens.
Daquele grupo sairia o núcleo inicial de jovens que sob seu comando atacariam de assalto os quartéis de Moncada em Santiago de Cuba e de Céspedes, em Bayamo) em 26 de julho de 1953 e fundaria depois o Movimento Revolucionário 26 de Julho (M-26-7).
A história me absolverá
No julgamento que se seguiu pelas ações, assumiu sua própria defesa e defendeu o direito dos povos de lutarem contra a tirania. Condenado a vinte e seis de prisão, começou a cumprir a pena na prisão de Boniato (Santiago de Cuba) e depois foi transferido ao Presidio Modelo (Isla de Pinos), onde reelaborou sua auto-defesa que levou o nome de "A história me absolverá" que teve sua primeira publicação e distribuição clandestinas em 1954 e desde então foi editada numerosas vezes em Cuba, como em muitos outros países e traduzido nos mais diversos idiomas.
Anistia
Após ser anistiado em maio de 1955 graças a um amplo movimento popular, ocorreu uma intensa tarefa periodística de caráter político através do diário La Calle e do semanário Bohemia e em aparições em radioauditivas e televisivas enquanto estruturava o movimento 26 de julho em escala nacional e internacional.
Novo exílio no México
Porém, ao começarem a censurar seus artigos e a cerrarem as vias e meios legais de expressão de suas idéias, decidiu rumar, apenas dois meses depois ao seu exílio no México onde trabalhou na preparação dos homens que o acompanhariam em seu intento de iniciar a luta insurrecional em Cuba, participou em atividades políticas, escreveu o Manifesto número um do Movimento 26 d eJulho ao povo de Cuba que circulou clandestinamente na Ilha e firmou, com José Antônio Echeverría, presidente da FEU, o Pacto do México a favor da unidade das forças que se opunham à ditadura de Fulgêncio Batista.
Preparação da revolução
Após, em 1955 viajou aos Estados Unidos em busca de apoio dos emigrados cubanos neste país e pronunciou discursos em Nova York e Miami. Ao fim de novembro de 1956, partiu do porto mexicano de Tuxpan, a bordo do Iate Granma, com varias dezenas de combatentes e em 2 de dezembro desembarcaram na praia Las Coloradas, próxima a Niquero (Oriente), e se abrigaram em Sierra Maestra onde permaneceu por mais de dois anos a frente do Exército Rbelde Cubano, do qual era Comandante em Chefe.
Neste interim, desenhou e guiou a tática e a estratégia da luta contra a ditadura batistiana, financiada e apoiada pelos estadunidense e pela unidade de ação das forças opositoras revolucionárias. Comandou diversos combates que culminaram em vitórias de suas tropas, orientou a criação de novas frentes guerrilheiras em Oriente e Las Villas, trabalhou na preparação de leis fundamentais que deveriam promulgar-se uma vez alcançada a vitória e divulgou suas ideias nacional e internacionalmente, através de meios improvisados na própria Sierra Maestra como o periódico El Cubano Libre, a emissora Radio Rebelde e mediante entrevistas realizadas por periodistas cubanos e estrangeiros.
Depois do desmonte do regime ditatorial pela fuga de Batista em 1 de janeiro de 1959, convocou generais para consolidar a vitória da Revolução e marchou até Havana, onde entrou em 8 de janeiro. O Governo revolucionário instaurado o designou primeiramente Comandante em Chefe de todas as forças armadas, terrestres, aéreas e marítimas e depois, em meados de fevereiro, Primeiro Ministro.
Fidel Castro visitou, após a vitória, os Estados Unidos da América. A URSS deu apoio econômico e militar ao novo governo de Castro, comprando a maioria do açucar cubano. A partir de então, Cuba passou a sofrer um embargo econômico por parte dos Estados Unidos. A este respeito Fidel Castro disse "Nuestro pueblo heroico ha luchado 44 años desde una pequeña isla del Caribe a pocas millas de la más poderosa potencia imperial que ha conocido la humanidad. Con ello ha escrito una página sin precedentes en la historia. Nunca el mundo vio tan desigual lucha." (discurso de 1 de maio de 2003, em La Habana). (Cuba já sofria o embargo... está tudo extremamente inconsistente e fora de tempo). Imediatamente começou a impulsionar a criação de um novo aparato estatal, escreveu leis a favor dos setores mais desfavorecidos, entre essas leis encontra-se a lei de Reforma Agrária, que firmou ainda em Sierra Maestra em 17 de maio. Também fundou orgãos de novo tipo como o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA, do qual foi seu primeiro presidente) e instituições culturais como a Imprensa Nacional de Cuba e o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica (ICAIC). O anúncio de sua renúncia ao cargo de Primeiro Ministro em meados de julho de 1959 pelos obstáculos colocados pelo presidente Manuel Urrutia às leis e medidas revolucionárias, motivou uma massiva exigência popular para que se reincorporasse ao mesmo e forçou a renúncia do presidente.
Conseguiu, ademais, a unidade das forças revolucionárias e anti-imperialistas do pais em organizações massivas como a Associação de Jovens Rebeldes (ARJ), os Comitês de Defesa da Revolução (CDR), as Milícias Nacionais Revolucionárias (MRN), a União de Pioneiros de Cuba (UCP), a Federação de Mulheres Cubanas (FMC) e outras de caráter mais seletivos e político. Escreveu textos fundamentais da história contemporânea de Cuba e da América Latina como os da Primeira (1960) e Segunda (1962) Declaração de Havana. Em abril de 1961 dirigiu pessoalmente as tropas que derrotaram a invasão mercenária em Playa Girón, financiada e organizada pelos Estados Unidos.
Sua intervenção em uma reunião com escritores e artistas na Biblioteca Nacional José Martí em junho de 1961, publicada depois sobre o título de Palavras aos Intelectuais, definiu aspectos da política cultural da Revolução ainda vigentes e facilitou a realização, em agosto deste mesmo ano, do Primeiro Congresso Nacional de Escritores e Artistas de Cuba.
Foi membro do conselho de direção de Cuba Socialista (1961-1967). Desde outubro de 1965, quando o PURCS tomou o nome de Partido Comunista de Cuba, (PCC), têm sido membro de seu Comitê Central e seu Primeiro Ministro.
Assim mesmo, ao constituir-se a Assembléia Nacional do Poder Popular em 1977, esta o elegeu Presidente dos Conselhos de Estado e Ministros, cargos nos quais têm sido ratificado desde então. Por suas responsabilidades a frente do PCC, o Estado e o Governo cubanos tem sido o principal orientador e impulsor das estratégias de desenvolvimento do país em todos os sentidos, assim como o arquiteto da política internacional da Revolução Cubana.
De especial significado têm sido sua presença nas cúpulas do Movimento de Países Não Alinhados. Documentos políticos, discursos, intervenções, artigos e entrevistas suas têm sido difundidos em livros próprios ou compilações, em filmes e nos mais importantes orgãos de imprensa escrita e emissoras de rádio e televisão de Cuba e de todo o mundo. Em 1961 foi-lhe atribuído o Prêmio Lênin da Paz.
Varias universidades da Europa e América Latina lhe conferiram o título de Doctor Honoris Causa. Têm recebido também, múltiplas condecorações por seu labor em prol das relações com outros países, assim como o Prêmio Mijail Sholojov ortogado pela União de Escritores da Rússia em 1995.
Família
Fidel tem outros cinco filhos com sua segunda esposa, Dalia Soto del Valle: Alexis, Alexander, Alejandro, Antonio e Ángel.
Durante seu casamento com Mirta, Fidel teve uma amante, Naty Revuelta, que lhe deu uma filha, Alina Fernández-Revuelta, que deixou Cuba em 1993 fazendo-se passar por uma turista espanhola e pediu asilo nos Estados Unidos, onde tem sido uma ferrenha crítica das ações políticas de seu pai.
Uma irmã de Fidel, Juanita Castro, vive nos Estados Unidos desde o início da década de 1960, tendo sido retratada num documentário de Andy Warhol em 1965.
Patrimônio
Em 2005, a revista Forbes especulou que o patrimônio de Fidel Castro atingiria aproximadamente 550 milhões de dólares. Forbes chegou a esse número pela soma do patrimônio das empresas estatais do governo de Cuba. Com essa fortuna acumulada, especulou a revista, ele teria alcançado o décimo lugar na categoria "governantes e membros da realeza mais ricos do mundo".
A Revista Forbes disse à BBC que, para estimar a presumível fortuna de Fidel, calculou o valor de mercado de várias empresas estatais cubanas, e atribuiu um percentual do valor assim obtido ao patrimônio pessoal de Fidel Castro (seria como se calculássemos o valor total do Banco do Brasil, da Petrobras e dos Correios, e considerássemos "X" % desse valor como sendo parte integrante do patrimônio pessoal de Lula, ou se uma percentagem "X" do valor da Nossa Caixa fosse considerado parte da fortuna de José Serra). Um porta voz da Revista Forbes confirmou à BBC que a revista não tem nenhuma prova de que Fidel Castro tenha contas bancárias no exterior, embora a revista continue insistindo em que Fidel teria "uma fortuna"
Estes dados foram prontamente negados por Fidel, que considerou esta notícia uma infâmia. Na oportunidade, Fidel Castro desafiou: "Se eles provarem que tenho um conta no exterior de 900 milhões, de um milhão, de 500 mil, de 100 mil ou de um dólar, eu renuncio a meu cargo e às funções que desempenho". Nada foi provado até os dias de hoje. Fidel ainda afirmou que a revista Forbes está ligada aos serviços de inteligência dos EUA e relembrou que o presidente Ronald Reagan nomeou o editor da revista Forbes para o cargo de coordenador das transmissões de rádio da Voz da América que eram dirigidas à União Soviética, durante a Guerra Fría. Mencionou que outros muitos meios de comunicação, por todo o mundo, buscam de maneira suja e baixa desprestigiar a revolução, "anular Cuba e pintar Castro como um ladrão".
Quase toda a população cubana, ouvida pela BBC na Ilha, duvida das alegações feitas pela Forbes, mas Vladimiro Roca, que vive em Miami e pertence ao grupo oposicionista Todos Unidos, disse, embora sem apresentar nenhuma prova, estar seguro de que tal fortuna existe e que Castro se vale dela para "administrar e se manter no poder".
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