Começa nesta segunda (17), a programação especial em homenagem ao aniversário de 160 anos do Teatro Santa Isabel, que vai até domingo (23). Às 20h, no Salão Nobre do Teatro, será lançado Carimbo e Selo Comemorativo à data e, na sequência, quem se apresenta é o grupo Sa grama.
Na data exata da inauguração do monumento, 18 de maio, a Câmara dos Vereadores do Recife realiza uma Sessão Solene com início às 16h. Às 20h, o palco do Teatro de Santa Isabel recebe uma das grandes damas da música brasileira. Bibi Ferreira, acompanhada da Orquestra Sinfônica do Recife, apresenta o espetáculo Bibi IV. A apresentação, destinada a convidados, será seguida de um coquetel que acontece na Praça da República, a partir das 22h.
No dia 19 de maio o público vai poder conferir o espetáculo de Bibi Ferreira, a partir das 20h. Já nos dias 20 e 21, no mesmo horário, o Santa Isabel recebe a montagem Sopros de Vida, com Nathalia Thimberg e Rosamaria Murtinho. As atrizes interpretam duas mulheres que lutam pelo amor do mesmo homem por nada menos que 25 anos. O texto é de David Hare, roteirista dos filmes “O Leitor” e “As Horas” e um dos expoentes máximos da dramaturgia contemporânea.
Já nos dias 22 e 23, fica em cartaz o espetáculo O Inferno Sou Eu, onde Marisa Orth, dirigida por José Rubens Siqueira, interpreta Simone de Beauvoir e seu suposto encontro em 1960 com Dorinha, uma jovem estudante de Letras do Recife, apaixonada pelos ideais libertários da época. O texto vai além da narrativa, partindo de uma personagem real, numa época determinada e saltar para uma reflexão sobre a condição da mulher.
Histórico - O Teatro de Santa Isabel é hoje um dos 14 teatros-monumento do país, reconhecidos como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, título que ganhou em 1949. Sua trajetória tem páginas repletas de óperas, dramas, concertos, comédias, torneios de oratórias, solenidades cívicas e políticas, bailes, festas e jantares. O Santa Isabel é testemunha da história do Recife, sendo palco de eventos políticos, sociais e culturais, além de eventos marcantes para a Cidade, como a Rebelião Praieira, a Campanha Abolicionista e a Campanha pelo advento da República.
O monumento representa o primeiro e mais expressivo exemplar da arquitetura neoclássica em Pernambuco e foi idealizado por Francisco do Rego Barros, o Barão da Boa Vista, que foi presidente da Província de 1837 a 1844. O projeto foi elaborado e dirigido pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthier. Foi construído pelo trabalho não-escravo, uma inovação na época, e com recursos financeiros provenientes de loterias, da companhia de acionistas e do tesouro provincial.
Às vésperas de sua inauguração, o Teatro de Pernambuco, como até então era chamado, passa a se chamar Teatro de Santa Isabel. Foi o nome com que, antes de deixar o cargo no final de 1849, o presidente da Província, Honório Hermeto Carneiro Leão, pretendeu homenagear a Princesa Isabel. Finalmente, em 18 de maio de 1850, o teatro é inaugurado, com a encenação do drama O Pajem D´Aljubarrota, de Mendes Leal, escritor português dos mais encenados na primeira metade do século.
Melhorias - Em 2010, por ocasião do Aniversário do Recife, foram anunciadas uma série de melhorias na estrutura do Teatro de Santa Isabel e todas elas já estão em andamento ou finalizadas. A pintura já foi licitada e a empresa ganhadora vai iniciar os trabalhos assim que passar o período de chuvas.
Os ornatos dos camarotes serão recuperados e receberão tratamento preventivo ao desgaste do tempo. Um profissional de restauração já foi contratado para o serviço. As esculturas externas também estão sendo recuperadas e todos os tapetes foram substituídos por novos. A recuperação dos pisos e implantação do novo projeto iluminotécnico já foi concluída, assim como a compra do novo fardamento dos funcionários. Já a nova mesa de som, está em processo de licitação.
SOBRE OS ESPETÁCULOS
Bibi IV
O repertório propõe um passeio por vários momentos da artista e é dividido em blocos. Abrindo com Carinhoso, de Pixinguinha, apresenta também canções de Noel Rosa, Silvio Caldas, Orestes Barbosa, Tom Jobim, Chico Buarque de Holanda, Vinicius de Moraes, Maysa, Dolores Duran e Francisco Alves.
Bibi, que comemora 70 anos de carreira e assina a direção geral do espetáculo, também relembra sua época de teatro de revistas, apresentando seu famoso número Mulher Rendeira, onde canta a música do cancioneiro popular em vários estilos musicais. No momento seguinte apresenta alguns fados cantados por Amália Rodrigues, que fizeram parte do espetáculo Bibi vive Amália. É um momento mais intimista do espetáculo, quando Bibi é acompanhada pela guitarra portuguesa de Victor Lopez, apresenta Fadinho Serrano, Ai Mouraria e Nem as Paredes Confesso.
Na parte final, Bibi apresenta as canções de Piaf, que marcam sua carreira há quase 30 anos, cantando La Vie en Rose, Hymne a L´amour e Je Ne Regrette Rien. Os arranjos são de Flávio Mendes, Nelson Melim, Itamar Assiere e André Protasio.
Sopros de Vida
com Natália Thimberg e Rosamaria Murtinho
Duas mulheres, Madeleine e Frances, se enfrentam num sutil combate pelo mesmo homem, partilhado pelas duas, esposa e amante, por mais de 25 anos. Ambas foram abandonadas por ele. Escrito por David Hare, autor também dos premiados roteiros dos filmes “O Leitor” e “As Horas” e um dos expoentes máximos da dramaturgia contemporânea, o espetáculo é sinônimo de sucesso absoluto de público e crítica nos grandes centros culturais.
As obras de Hare são um retrato de seu temperamento dividido, espírito romântico e rebelde em permanente confronto, proporcionando um quadro definitivo das convulsões ocorridas na sociedade do último século. Com montagens nos Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, o espetáculo chega ao Brasil encenado por duas grandes atrizes de nossa cena: Nathalia Timberg e Rosamaria Murtinho.
O alto gabarito da montagem se estende à direção de Naum Alves de Souza, o mesmo diretor de O Grande Circo Místico, Dona Doida, Longa Jornada de Um Dia Noite Adentro, entre outros espetáculos. O espetáculo comemora os 80 anos de vida e 60 de carreira de Nathalia Timberg.
O Inferno Sou Eu
com Marisa Orth e elenco
Marisa Orth volta aos palcos interpretando uma personalidade. “Acompanhei o processo do texto e adorei o resultado alcançado pela Juliana. Interpretar Simone de Beauvoir nesse contexto está sendo um agradável desafio”, diz Marisa que chamou o diretor José Rubens Siqueira para conduzir essa delicada história. “O Zé Rubens é um diretor de ator, nos faz crescer em cena. Tinha que ser ele”, completa a atriz. Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ficaram três meses no Brasil em 1960, e seus últimos dias no País foram passados no Recife.
Na peça, Simone ainda não estava curada de tifo, que contraíra na Amazônia. Eles se hospedam na casa de Marta, por quem Sartre se apaixona. Marta, então, contrata Dorinha para cuidar de Simone. “O que mais me atraiu na peça foi a qualidade do texto, que permite ir além da mera narrativa. Permite partir de uma personagem real, numa época determinada e saltar para uma reflexão sobre a condição da mulher...
Não, não só da mulher: do ser humano de qualquer sexo em busca de um nível superior de consciência. Em busca da felicidade”, afirma José Rubens Siqueira que completa: “É uma peça cheia de humor, mas profunda, compacta na busca de sentimentos e significados inconscientes, arquetípicos, sem deslizar para o psicológico”.
Com muita sensibilidade, diálogos fluídos e ironia, a peça retrata um encontro improvável, mas transformador entre duas mulheres de realidades totalmente diferentes que irão se conhecer além das aparências. “Não há julgamentos das atitudes ou ideias. O objetivo é que o público se identifique com as personagens e tirem suas próprias conclusões.”, comenta Juliana Rosenthal K. que se inspira no fato real da vinda do casal mais famoso de filósofos do século XX para o Brasil para abrir o diálogo entre as diversas facetas de Simone de Beauvoir - o mito, a mulher, a amante, a professora – com a jovem admiradora e interessada estudante de Letras do Recife nos anos 60.
Além de resgatar um período de grande efervescência cultural no Brasil, O inferno sou eu resgata a memória desses importantes intelectuais franceses, ao discutir temas importantes e atemporais como os relacionamentos amorosos e o papel da mulher na sociedade. O resgate dessa época também se dará através do cenário de Isay Weinfeld e figurinos de Cássio Brasil. Iluminação de Guilherme Bonfanti. Design gráfico de Gringo Cárdia.
Para viver Dorinha, foi realizado teste com atrizes e Paula Weinfeld ganhou o papel pelo talento de imprimir veracidade nos diálogos e enfrentamentos de sua jovem sonhadora com a astúcia, inteligência e cultura de uma das mais conceituadas filósofas de todos os tempos, interpretada por Marisa Orth, “por inteiro”, segundo José Rubens Siqueira. Muito já foi dito e escrito sobre Simone de Beauvoir, e mesmo quase trinta anos após sua morte, as discussões sobre sua vida e obra continuam extremamente atuais.
Fonte: http://www.recife.pe.gov.br/2010/05/16/pcr_comemora_160_anos_do_teatro_de_santa_isabel_171851.php