Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Com a Lei Seca mais rigorosa desde janeiro para os motoristas que
forem flagrados dirigindo embriagados, voltam a circular na internet informações
de que é possível burlar a fiscalização. No mundo virtual, a informação é que é
possível driblar o bafômetro ao tomar alguns comprimidos do princípio ativo
pidolato de piridoxina, derivado da vitamina B6. Indicado para tratamento de
pessoas com problemas hepáticos, como cirrose, o remédio age na remoção do
álcool dos tecidos e do sangue, conforme a bula. Com tarja vermelha, deve ser
vendido com receita médica.
De acordo com José Luís Maldonado, assessor técnico do Conselho Federal de
Farmácia, apesar de o medicamento acelerar o metabolismo do álcool no organismo,
não elimina os efeitos da substância no comportamento da pessoa. “A coordenação
motora e a habilidade dos reflexos não melhoram com o uso do medicamento. Ele
não dá condições de dirigir em segurança”, explicou.
Maldonado esclareceu que o medicamento é usado para a recuperação de pessoas
que sofrem de intoxicação severa por álcool ou para aquelas pessoas que estão
com problemas hepáticos, como cirrose hepática e fígado alcoólico. O remédio
provoca também efeitos colaterais, continuou Maldonado. Entre eles, sonolência,
dor abdominal, vômito, náusea e, em grandes quantidades, pode levar à
trombocitopenia (problema com a capacidade de coagulação).
Paulo Chizzola, gerente e médico do laboratório fabricante, disse que o
medicamento não funciona com o fim de burlar o bafômetro. “Ele acelera o
metabolismo do álcool no sangue, mas não o anula”, esclareceu e lembrou que a
substância deve ser tomada com orientação médica.
Depois da Resolução 432, do Conselho Nacional de Trânsito, o motorista com
teor igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar no teste do
bafômetro será autuado, responderá por infração gravíssima, pagará multa de R$
1.915,40 e terá a carteira de habilitação recolhida.
Além disso, a embriaguez pode ser comprovada por outros sinais, como
sonolência, olhos vermelhos, vômito, soluços, desordem nas vestes, cheiro de
álcool no hálito, agressividade, exaltação, arrogância, ironia ou dispersão.
Chizzola acentuou que o remédio é indicado para tratamento de situações
clínicas específicas como intoxicação alcoólica, alcoolismo crônico, fígado
gorduroso e hepatite alcoólica, situações clínicas que devem ser diagnosticadas
e acompanhadas por médicos. O laboratório reforça que o uso do medicamento
também não normaliza prontamente os reflexos alterados pelo uso do álcool.
Segundo o laboratório, não houve aumento nas vendas do remédio depois dos
boatos na internet. O coordenador-geral de operações da Polícia Rodoviária
Federal (PRF), José Roberto Soares, disse que após vários testes, a corporação
não detectou medicamentos capazes de burlar a fiscalização.
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