O custo total do crédito rotativo do cartão varia até 600%, conforme o produto e
a instituição financeira.
Levantamento da Proteste, associação de defesa do consumidor, com os 20
cartões de crédito mais usados no país mostra que a taxa vai de 93% a 654% ao
ano.
Esse custo do rotativo inclui juros, seguros e outras cobranças, como
confecção de cadastro para início de relacionamento e IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras).
O estudo, obtido com exclusividade pela Folha, aponta ainda que a
anuidade do cartão também varia muito: de zero a R$ 216 por ano.
Além disso, alguns cartões que oferecem anuidade zero no primeiro ano cobram
até o dobro dos concorrentes no segundo ano.
Os valores, tanto do juro do rotativo quanto da anuidade, mudam conforme o
perfil do cartão e a instituição. Cobram juros mais elevados os cartões cujos
clientes oferecem mais risco de calote na avaliação do banco, afirmam
especialistas.
"É o que costuma ocorrer com produtos de financeiras, que oferecem crédito com critérios mais flexíveis a consumidores com menor poder aquisitivo", diz Álvaro Modernell, consultor financeiro.
O levantamento da Proteste confirma a tese: apresentam os maiores custos do
rotativo os cartões de financeiras, como Hipercard (que pertence ao Itaú
Unibanco), com 654,02% ao ano, Ibicard (Bradesco), com 620,28% ao ano, e Losango
(HSBC), com 556,66% ao ano.
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RENDA MAIOR
"Já quando o banco lida com um cliente de maior renda, oferece taxas mais
baixas", afirma Modernell.
Os menores custos são de Caixa Turismo Internacional (da Caixa), com 93,39%
ao ano, Ourocard (Banco do Brasil), 94,49% ao ano, e Itaucard 2.0 Nacional e
Internacional (Itaú Unibanco), com 100,99% ao ano.
Já em relação à anuidade, a lógica é oposta: o custo é maior para clientes de
renda mais alta.
Os valores cobrados estão relacionados a programas de benefícios oferecidos
pelos produtos, como milhagem aérea e descontos em cinemas e restaurantes.
"Antes de contratar um cartão desse tipo, porém, é preciso fazer as contas
para saber se os tais benefícios oferecidos realmente valem a pena", disse
Reinaldo Domingos, educador financeiro.
Segundo o estudo da Proteste, as maiores anuidades são cobradas nos cartões
Reward (Santander), de R$ 216 no ano, Itaucard Internacional (Itaú Unibanco), R$
156 no ano, e Banco Votorantim Internacional (BV Financeira), R$ 138 no ano.
O HSBC Open Card, o Hipercard e o Santander Free isentam o cliente de pagar a
anuidade no primeiro ano --neste último, é preciso usar o cartão todos os meses
para obter a isenção.
Quanto ao aumento da anuidade de um mesmo cartão de um ano para outro,
Modernell afirma que o movimento faz parte da estratégia de captação de
clientes. Ou seja, o banco oferece um valor inicial menor, que sobe com o tempo.
"É bem mais caro para a instituição trazer um cliente novo, por custos com
telemarketing, por exemplo, do que manter um antigo", diz.
TARIFAS INDEVIDAS
Outro problema apontado pela Proteste é a cobrança indevida de tarifas dos
cartões.
Renata Pedro, técnica da associação, afirma que o BC só permite a cobrança de
cinco taxas: segunda via do cartão, saque, pagamento de contas, avaliação
emergencial de crédito e anuidade.
De acordo com a Proteste, porém, algumas instituições cobram, por exemplo,
por mensagens automáticas sobre movimentação da conta e segunda via de
comprovantes e documentos. A associação cita Banrisul, Banco Votorantim, Caixa
Econômica, Citibank, HSBC e Itaú Unibanco.
"É preciso ficar atento a todos os custos discriminados na fatura, para não
ser surpreendido depois", diz Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da
Proteste.
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