Dr. Gamaliel Marques

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domingo, 9 de dezembro de 2012

Lixo da propaganda eleitoral poderia produzir 20 milhões de livros

O lixo produzido pelo material impresso da propaganda eleitoral de 2012 poderia ser utilizado para a publicação de 20 milhões de livros escolares com 50 páginas. Com o comprimento dessa quantidade de papel empilhado seria possível dar 143 voltas ao redor da Terra. Esses cálculos foram divulgados pelo juiz auxiliar da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Paulo Tamburini, no painel “Impacto ambiental da propaganda eleitoral”, apresentado na manhã desta sexta-feira (7) no congresso em que se comemoram os 10 anos da Escola Judiciária Eleitoral (EJE/TSE).
 
Esse levantamento foi feito pelo juiz Paulo Taburini com base nos dados declarados nas prestações de contas dos candidatos. Do total de R$ 2 bilhões que os concorrentes gastaram com propaganda, R$ 800 milhões foram destinados a material impresso, como panfletos apelidados de santinhos e divulgação em jornais. Levando-se em conta que com R$ 250 se produzem 20 mil santinhos, o valor declarado é suficiente para a impressão de 57 bilhões deste impresso. Além do papel, para a produção deste material foi necessária a derrubada de 603 mil árvores e o consumo de três bilhões de litros de água.
 
Para o juiz Paulo Tamburini, apesar dos constantes avanços do processo eleitoral, como a informatização do voto e a aprovação de leis como a da Ficha Limpa (Lei Complementar n° 135/2010), pouco ou nada se tem feito quanto ao impacto ambiental da propaganda. O juiz considera que, com o surgimento de novas mídias como a internet, há que se pensar em novas formas de se fazer propaganda eleitoral sem degradar o meio ambiente. “Está na hora de se buscar um nova maneira de passar a ideologia dos candidatos”, concluiu Paulo Tamburini.
 
Enchentes e acidentes
 
O comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro, tenente-coronel José Albucacys de Castro, que fez o estudo do impacto ambiental da propaganda eleitoral junto com Paulo Tamburini, ressaltou que o lixo da propaganda entope as galerias de águas pluviais, o que pode causar alagamentos e enchentes. Quando jogado nas encostas dos morros, leva ao deslizamento de terra.
 
Já o material jogado no chão e os cavaletes espalhados ao longo das avenidas podem causar acidentes sérios, como o de uma senhora que faleceu, no dia da eleição, após escorregar em santinhos espalhados ao redor de uma seção eleitoral na cidade de Guarulhos-SP.
 
De acordo com o comandante, diariamente, são coletadas 22 toneladas de lixo na cidade do Rio de Janeiro-RJ. No dia da eleição, esse número chegou a 300 toneladas.
 
Sugestão
 
Para diminuir o impacto no meio ambiente, a vice-procuradora-geral Eleitoral, Sandra Cureau, mediadora do painel, sugeriu a realização de campanha institucional da Justiça Eleitoral incentivando o eleitor a votar somente em candidato que não polua o meio ambiente.
 
Usina de ideias
 
O painel impacto ambiental da propaganda eleitoral foi o último do Congresso Democracia Representativa e Cidadania, que comemorou os 10 anos da Escola Judiciária Eleitoral do TSE.
 
Ao encerrar o evento, a ministra Rosa Weber, diretora da EJE/TSE, disse que a Escola não é um mero centro de treinamento e capacitação. “Na verdade, a escola é um lugar de reflexão crítica e ética sobre o direito e funciona como uma usina de criação de ideias”, ressaltou a ministra.
 
Ao agradecer a participação dos congressistas e dos inscritos, a ministra Rosa Weber anunciou que em 2013 a EJE realizará o Congresso Internacional Eleitoral.
 

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