Dr. Gamaliel Marques

Dr. Gamaliel Marques

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Decreto proíbe construção (Prefeitura do Recife restringiu uso de terreno de Marinha na antiga Estação Rádio Pina para parque verde)

Prefeitura do Recife restringiu uso de terreno de Marinha na antiga Estação Rádio Pina para parque verde


A resposta veio mais rapidamente que o esperado. Ontem mesmo, a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) publicou decreto no Diário Oficial do município restringindo o tipo de construção na área da antiga Estação Rádio Pina, na Zona Sul do Recife. O documento deixa claro que o espaço somente pode abrigar uma área de conservação e manutenção de um parque verde que faz parte do projeto Via Mangue. O espaço de 350 hectares pertence à Marinha. Desses, 240 foram postos à venda, através de licitação, por R$ 51 milhões. A decisão da Marinha, anunciada pela imprensa ontem, causou surpresa à PCR, que já havia revelado o desejo de construir no espaço o Parque Natural Municipal Manguezais Josué de Castro.


O projeto da Via Mangue, que contempla o Parque dos Manguezais, só deverá ser concluído em 2013. O objetivo da via é resolver os problemas de trânsito na Zona Sul do Recife Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press
A decisão também levantou reações da sociedade. Para o promotor do Ministério Público de Pernambuco Ricardo Coelho, qualquer que seja a empresa interessada em comprar o terreno estaria fazendo um mau negócio, já que estará impedida por lei de construir. O decreto da PCR limita, em muito, o interesse de qualquer empresa privada na compra da área, na opinião do secretário de Meio Ambiente, Roberto Arrais.

´A implantação do parque naquela região já estava definida em lei, seja pelo Plano Diretor do Recife, seja pelo Código de Meio Ambiente. Precisava apenas de uma regulamentação e foi o que fizemos`. Apesar da Marinha ser dona do terreno - o que lhe permite independência garantida por lei federal para vendê-lo - a PCR é a responsável pelas regras de uso e ocupação do solo municipal.

O promotor Ricardo Coelho, professor de direito ambiental da Universidade Federal de Pernambuco, mestre e doutor no assunto, alertou que o MPPE pode entrar com ação civil pública para proibir uma construção no terreno que não respeite a área de preservação permanente protegida por leis federal, estadual e municipal.

Já o superintendente do Patrimônio da União em Pernambuco, Paulo Ferrari, afirmou que hoje mesmo encaminhará o decreto municipal para o 3º Distrito Naval para que fique claro entre os interessados presentes na sessão pública do processode licitação, marcada para o dia 21, em Natal, que a área tem diversas limitações de construção. O Ministério Público Federal (MPF) já convocou reunião com PCR e Marinha para voltar a mediar a negociação.

A polêmica promete render muitos capítulos. A PCR quer insistir na negociação e diz reconhecer o valor da Força Armada na conservação do espaço. A Marinha não se recusa a negociar com a prefeitura. Mas, quanto a uma suposta doação do terreno para o uso do município, informa que não pode abrir mão do valor correspondente, pois necessita de permuta para construir habitações para o seu pessoal.

O que a Marinha quer com a venda do terreno, na realidade, é a garantia de construção de imóveis para seus oficiais em Natal, Maceió, Fortaleza e Olinda. Isso porque o interessado no terreno usaria os R$ 51 milhões para assegurar as obras como pagamento pelo uso da área na Zona Sul do Recife.

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/12/03/urbana1_0.asp

Nenhum comentário: