Dr. Gamaliel Marques

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sexta-feira, 25 de março de 2011

Um dia de glamour para 11 detentas de Pernambuco

CANDIDATAS ao título do sistema prisional
prometem esbanjar charme na passarela

Passarela preparada, cadeiras e mesas posicionadas para os jurados, espaço reservado para a plateia. Tudo pronto no Clube dos Oficiais da Polícia Militar, na avenida João de Barros, Espinheiro. É que logo mais, às 20h, o espaço vai ser palco de um evento inédito no Estado de Pernambuco, o primeiro concurso Miss Penitenciária 2011. As 11 candidatas à faixa integram o sistema prisional em regimes fechados e semiabertos. Umas aguardam na cadeia pelo julgamento. Outras já foram sentenciadas e estão cumprindo suas penas. Todas as candidatas vêm de três unidades do Estado: Colônia Penal Feminina de Buíque, no Agreste, Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima e Colônia Penal Feminina do Recife.

“Estou numa expectativa muito grande. Já me sinto vitoriosa porque, das quase 700 mulheres só aqui do presídio, apenas quatro foram selecionadas, e eu fui uma delas”, contou feliz a re-educanda Maria Luzia da Silva, de 28 anos, uma morena de 1,65 metro de altura e lábios carnudos. Ela está há sete meses aguardando a sentença por furto.

Nadna Santana Passos, 21, diz não es­tar preocupada com a concorrência. “To­das são boni­tas, todas têm condições de ganhar. Lá, eles (os jurados) decidem”. Ela confessou que anda desfilando pela Colônia Penal do Recife para “não fazer feio na frente dos jurados”. Nadna está há dois anos e meio presa por associação ao tráfico de drogas. “Estou doida que chegue logo a hora do desfile para eu me soltar na passarela”, admite a candidata.

“Desde que fui selecionada para participar do Miss Penitenciária, há cerca de um mês, tenho evitado comer macarrão. Não quero que o vestido fique marcando”, assumiu Jacqueline dos Santos Nejain, de 23 anos. Ruiva de cabelos longos, ela diz que já fez curso de passarela mas não chegou a concluir. 
Presa por associação ao tráfico de entorpecentes junto com o irmão, ela não esconde a vontade de estar novamente com a família. “A primeira coisa que quero fazer quando sair daqui é reunir minha família. Depois, vou batalhar para conseguir logo um emprego e fazer uma faculdade”.

Com diferentes histórias e experiências, a maioria tristes e sofridas, as candidatas à miss penitenciária se mostraram como toda mulher comum: vaidosas, femininas e cheias de sonhos. Em meio a um depoimento e outro e a pausa entre as fotos, essas “cinderelas” deixavam escapar o maior desejo, depois de terem de volta a liberdade.

“Esse concurso vai servir para mostrar lá fora que nós cometemos erros sim, mas que nem todas as pessoas que estão presas são bandidas. Muitas, realmente, se arrependem e querem sair dessa vida”, resumiu Juana D’ark de Lima, de 26 anos. Detida por tráfico de drogas, ela conta que é ex-usuária de cocaína. Bonita, educada, fluente no idioma italiano, Juana garante estar longe do vício há um ano e três meses.

Aparecer bem para a família é outra preocupação entre as candidatas à miss. Para isso, contarão com o auxílio de um cabeleireiro e maquiador. E depois desse banho de auto-estima, produção, maquiagem, e de salto alto, essas meninas prometem arrasar na passarela.

Fonte:http://www.folhape.com.br/index.php/secao-cidadania/627882?task=view

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