Uma troca de provocações
racistas via Twitter pode acabar em até cinco anos de cadeia e multa
para duas internautas, uma de São Paulo, outra do Recife. A confusão,
que começou em 31 de outubro de 2010, ainda no calor do resultado das
eleições de segundo turno que levaram Dilma Roussef a ser a primeira
presidente do Brasil, teve ontem seu mais recente episódio, quando a
Justiça paulista resolveu abrir processo contra a paulista Mayara
Petrusco. Logo após a divulgação do resultado da votação, Mayara ofendeu
com tuitadas racistas os nordestinos, que votaram na petista, em sua
maioria. A novidade foi a decisão do juiz em determinar a abertura de
uma investigação em Pernambuco para apurar o mesmo crime, que teria sido
cometido pela recifense Natália Campello, mas em sentido contrário:
ofendendo quem vive no Sudeste.
A
resposta da Justiça de São Paulo veio dois dias depois da seccional de
Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE) ter agido com mais
veemência contra o que o presidente da instituição, Henrique Mariano,
qualificara como atitude leniente do Ministério Público Federal de São
Paulo (MPF-SP). Em 5 de novembro de 2010, a OAB-PE havia entrado com
uma notícia-crime contra Mayara no MPF-SP, após ela ter tuitado, em 31
de outubro do mesmo ano, que Nordestisto (sic) não é gente. Faça um
favor a Sp: mate um nordestino afogado!. Quase sete meses depois,
porém, ainda não havia recebido informações a respeito do caso, o que
motivou a seccional a entrar com uma segunda ação contra Mayara, desta
vez privada, intimando o MPF-SP a se pronunciar.
Segundo
Mariano, a decisão da Justiça paulista prova que o Ministério Público
Federal de São Paulo sentiu a pressão exercida pela OAB de Pernambuco.
Mais: ele acha que a decisão vai fazer história na jurisprudência
nacional. Quebramos um paradigma. A partir de agora, as relações nas
redes sociais serão de mais respeito e responsabilidade, aposta.
O
MPF-SP, porém, pensa diferente. Segundo a assessoria de imprensa do
órgão, a divulgação da decisão dois dias depois da segunda investida da
OAB-PE foi apenas uma coincidência, pois segundo a informação
publicada no site da instituição o processo foi aberto em 4 de maio
último. E porque só divulgaram agora?, provoca Mariano.
A
novidade no caso foi a inclusão de mais um personagem na trama: a
internauta Natália Campelo, que, reagindo à provocação de Mayara, deu o
troco na mesma moeda racista, tuitando o sudeste é um lixo, façam um
favor ao Nordeste, mate um paulista de bala :) VÃO SE F... PAULISTAS
FILHOS DA P....
O
MPF-SP revelou que a decisão de enviar para o Recife a apuração do
crime se deu pela total falta de informação sobre a segunda acusada.
Mesmo após a quebra de sigilo telemático autorizada pela Justiça
paulista que permite o acesso a e-mails e sites com senhas
criptografadas não foi possível rastrear mais dados sobre Natália, a
não ser o nome e a procedência, o Recife. Não sabia desse caso, mas se
ela fez isso, tem que responder também, afirmou Henrique Mariano.
Fonte:http://www.oabpe.org.br/component/content/article/12-outdoor/8979-justica-abre-processo-por-racismo-no-twitter.html
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