Concebido como projeto político paulista e pessoal do prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab, o novo PSD nasce como um ajuntamento de sublegendas de caciques
tradicionais da política nos Estados. É a partir da força local de lideranças
como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e de governadores do PMDB,
do PT, do PSDB, do PSB, do PMN e do DEM, que Kassab e seus operadores constroem
a sigla nacional.
Líderes do DEM e do PSDB apostam que o PSD terá dificuldades para sair do
papel e torcem pelo fracasso da operação. No registro da nova legenda no
cartório eleitoral dois meses atrás, 33 deputados de 12 siglas diferentes
anunciaram a adesão e assinaram o documento. Anúncios à parte, no entanto, até
hoje nenhum político deixou sua legenda para ingressar no PSD. Nem Kassab, que
agora a direção do DEM quer expulsar.
Apesar da demora, quem está com um pé no PSD diz que não tem dúvida quanto à
conveniência da troca. O que vale aí é a máxima segundo a qual quem tem prazo,
não tem pressa. O prazo legal em questão é o que estabelece no mínimo um ano de
filiação partidária para os candidatos às eleições municipais de 2012.
Ao menos em tese, as filiações ao PSD poderão se arrastar até a primeira
semana de outubro, com o cuidado de deixar claro perante a Justiça Eleitoral que
essas pessoas participaram da construção do novo partido.
Padrinhos. A lista de padrinhos e patrocinadores do novo partido inclui os
governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT); do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB);
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM);
do Amazonas, Omar Aziz (PMN), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Mas todos,
exceto o catarinense Colombo, também vão ficar onde estão, usando o PSD como
sublegenda para ampliar a força política em seus Estados.
Colombo é exceção porque integra o grupo de Kassab e do ex-presidente
nacional do DEM Jorge Bornhausen. Foi este trio que formulou a ideia da nova
legenda a partir da derrota na briga interna pelo comando do DEM, contra os
deputados ACM Neto (BA) e Rodrigo Maia (RJ). Precisamente por isto, Neto e Maia
se tornaram alvos da política predatória do PSD.
Na Bahia, Kassab se aliou ao governador petista que, não por acaso, entregou
a tarefa da montagem do PSD ao vice-governador Otto Alencar (PP). O vice é um
velho dissidente do grupo do ex-senador Antonio Carlos Magalhães que agora se
dedica a esvaziar ainda mais o espólio daquele que já foi conhecido como 'dono
da Bahia', levando todos com ele para o PSD.
Metade da bancada baiana do DEM - três deputados federais - assinou a ficha
do novo partido. Até o primo de ACM Neto, o deputado Paulo Magalhães (DEM),
aderiu ao PSD e passou a votar com o governo na Câmara.
No Ceará, quem acabou se tornando alvo das investidas do PSD foi o ex-senador
Tasso Jereissati (PSDB). Uma ofensiva patrocinada pelo governador Cid Gomes
(PSB), que rompeu com o tucano na campanha eleitoral de 2010 e ajudou o PT a
derrotá-lo. Estima-se que sejam retirados do ninho tucano nada menos que cinco
deputados estaduais ligados a Jereissati.
Extinção do DEM. No Maranhão, o DEM será extinto e o PSD será a segunda força
política no Estado, depois do PMDB da governadora Roseana Sarney. Com a bênção
do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, sua mulher e deputada Nice Lobão
sairá da presidência estadual do DEM para comandar o PSD maranhense. Levará com
ela toda a bancada estadual, inclusive o secretário de infraestrutura e deputado
Max Barros (hoje no DEM).
O PSD maranhense também estará representado em outras três secretarias
(Agricultura, Educação e Fazenda), cujos titulares comprometeram-se a reforçar a
legenda que será braço auxiliar do grupo Sarney-Lobão no Estado. E para
fortalecer ainda mais a regional, é de lá que sairá o futuro secretário-geral do
partido, Saulo Queiroz. Ex-deputado pelo Mato Grosso do Sul, Queiroz tem
residência fixa no município de Balsas há anos e foi para lá que transferiu o
título de eleitor. Há dois meses, deixou a secretaria executiva do DEM nacional
para se dedicar à organização da nova sigla em todo o País, como braço direito
de Kassab.
Em Minas, o PSD também tem ligações com o governo do tucano Antonio Anastasia. Pelo menos um secretário - Alexandre Silveira (PPS), de Gestão Metropolitana - engrossará as fileiras da legenda. O ingresso de aliados do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao PSD é uma forma de o pré-candidato tucano à Presidência fincar pé na legenda que nasce com viés governista, mas sem posição predefinida na sucessão de 2014. 'São nossos amigos. Assim como eles não estão fechando portas, nós também não', diz o presidente do PSDB mineiro, Marcos Pestana.
Fonte:http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/psd-%c3%a9-formado-com-ajuda-de-caciques-regionais-de-petistas-e-at%c3%a9-de-tucanos-1
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