Dr. Gamaliel Marques

Dr. Gamaliel Marques

domingo, 14 de novembro de 2010

Dia Mundial do Diabetes

Segundo o Ministério da Saúde, a doença mata 400 mil brasileiros por ano

Dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes. Mais de 150 países vão realizar ações para chamar atenção para esta doença que já alcançou níveis epidêmicos no planeta. Existem, em todo o mundo, pelo menos 245 milhões de pessoas portadoras de diabetes. Segundo especalistas, até 2025 esse número deve chegar a 380 milhões. Só no Brasil, o problema atinge 7% da população de 30 e 79 anos. 

Mas esta não é uma doença exclusiva de pessoas maduras. Pode aparecer em qualquer idade, até mesmo na infância: cerca de 500 mil crianças com menos de 15 anos têm diabetes tipo 1. Se não for tratado adequadamente, com os devidos cuidados especiais que exige, o diabetes pode apresentar diversas complicações e levar à morte. O quadro é grave: são quase quatro milhões de diabéticos que morrem, a cada ano, em consequência dessas complicações.

Mas, afinal, o que é o diabetes? O endocrinologista Antonio Carlos Lerário, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes, explica: "É uma condição patológica caracterizada pela incapacidade do organismo de manter o nível da glicose sangüínea em níveis normais. Como consequência, ocorre a hiperglicemia, ou seja, a elevação das taxas de glicose sanguínea, que é tremendamente prejudicial à saúde". Por prejudicial entenda-se não só o fato de a doença ser a fonte de uma série de complicações orgânicas, como enfarte, alterações vasculares cerebrais e periféricas ou insuficiência renal. Também é responsável, principalmente entre pacientes que não utilizam a insulina, por estado de coma e morte. 

Existem três tipos de diabetes: o tipo 1, o tipo 2 e o diabetes gestacional. Cada um tem suas peculiaridades e precisa ser tratado com muita atenção. Veja o que você precisa saber sobre eles.

“Como consequência, ocorre a hiperglicemia, ou seja, a elevação das taxas de glicose sanguínea, que é tremendamente prejudicial à saúde”

O tipo 1

Esse diabetes é resultado da destruição - por engano - de células produtoras de insulina, em uma espécie de resposta autoimune. Isso ocorre porque o organismo acha que elas são corpos estranhos. Mas esta não é uma reação exclusiva do diabetes, acontece também em doenças da tireóide, lúpus e esclerose múltipla, por exemplo. Embora os pesquisadores ainda não saibam porque ocorre, já foram identificados alguns fatores que colaboram no aparecimento da doença, como os anticorpos, os radicais livres presentes no ar poluído das grandes cidades, alguns tipos de vírus e, claro, a genética. Se você tem parentes próximos, como pais ou avós com diabetes, é uma séria candidata a apresentar a doença.

Para tratar o tipo 1, é preciso enfrentar aplicações diárias de insulina e adotar para o resto da vida a dupla dinâmica: atividades físicas com alimentação saudável. É o médico quem determina a quantidade de insulina a ser aplicada, pois ela depende do índice glicêmico (de açúcar no sangue) do paciente. Enquanto isso, a dieta e os exercícios ajudam na redução dos níveis de açúcar, fazendo com que diminua também a necessidade de insulina. Ainda assim, é preciso fazer, em casa, a automonitorização, que consiste em testes rápidos de avaliação dos níveis de glicose no sangue e na urina.

O tipo 2

A hereditariedade tem forte papel no aparecimento desse tipo de diabetes, que costuma aparecer mais freqüentemente após os 40 anos. Mas a doença também tem um forte vínculo com a obesidade e o sedentarismo: entre 60% e 90% dos diabéticos, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Diabetes, é possível encontrar obesos. E esta é uma doença que acomete cerca de 8 a 10 vezes mais pessoas do que o diabetes tipo 1. No tipo 2, o que acontece é uma produção extra de insulina pelo pâncreas. E as células musculares e adiposas, que deveriam absorvê-la, não conseguem realizar o metabolismo da glicose que circula na corrente sangüínea.

Em geral, o tratamento se resume à combinação de exercícios e dieta equilibrada. Porém, algumas pessoas acabam precisando do tratamento com insulina e outros medicamentos orais. Para monitorar a doença, é preciso passar por uma avaliação médica a cada três ou quatro meses. O médico costuma recomendar a realização de alguns exames, que medem não só a glicose no sangue, como também os níveis de colesterol e triglicerídeos. Em casa, é feita a mesma automonitorização indicada ao tipo 1. 

No decorrer dos nove meses de gestação, o organismo da mulher sofre uma porção de transformações. E, se ela tiver tendência a ter diabetes, é grande o risco de aparecimento da doença. O diabetes gestacional, como é chamado, pode acontecer em quem já tinha diabetes antes de engravidar ou aparecer de repente, por causa da alteração das taxas de açúcar no sangue. O problema é que o desfecho é imprevisível: não se sabe se ela vai desaparecer depois do parto.

As causas do diabetes gestacional são desconhecidas, mas já se sabe quem tem maior chance de apresentá-lo. São mulheres acima de 25 anos de idade, que já são obesas ou ganham muito peso durante a gravidez; que têm história de familiares próximos com diabetes; que têm baixa estatura (cerca de 1,50m); que já tiveram, em outra gravidez, problemas de morte fetal ou neonatal, de macrossomia (bebê com peso em excesso) ou mesmo de diabetes gestacional; ou apresentam hipertensão ou crescimento excessivo do feto na gravidez atual. 

“O tratamento dietético é fundamental em todas as fases da doença, para melhorar o controle glicêmico e a dislipidemia. Já o exercício físico auxilia na redução do peso e na redução da glicemia, por aumentar o consumo sangüíneo de glicose”


Mas por que isso acontece? Bem, durante a gravidez a placenta produz grandes quantidades de hormônios. Por mais que desempenhem papel importantíssimo no desenvolvimento do feto, os hormônios - embora não se saiba ainda por quê - criam uma resistência exagerada à ação de insulina no organismo da mãe. É como se fosse, na verdade, um diabetes tipo 2. E é exatamente quando a placenta começa a produzir grandes quantidades de hormônios, por volta do sexto mês de gravidez, que o diabetes gestacional aparece. 

Infelizmente, como já foi dito, não se sabe se a doença vai desaparecer ou não depois do parto, mas estudiosos apontam que o diabetes gestacional potencializa as chances de a mãe vir a desenvolver o diabetes tipo 2 no futuro. "Cessando a produção dos hormônios placentários após o parto, os níveis glicêmicos geralmente tendem a se normalizar. Entretanto, com o passar do tempo e com o aumento e progressão da deficiência pancreática, ocorre o diabetes. Especialmente em mulheres que engordaram e permanecem obesas. Muitas vezes a hiperglicemia persiste após o parto, necessitando ser tratada", explica o Dr. Lerario.

Tratamento 

O tratamento do diabetes gestacional tem objetivos bem definidos, todos voltados ao momento do parto: evitar que o bebê nasça com peso excessivo ou sofra uma queda do açúcar no sangue depois de nascer, e que a mãe não precise fazer uma cesareana. Também são indicados exercícios físicos e mudanças na alimentação, que comprovadamente surtem bons efeitos sobre qualquer tipo de diabetes. Se essas medidas, sozinhas, não fizerem efeito, é indicado o uso da insulina.

Pé diabético

Se existe uma complicação muito comum da doença, esta é o pé diabético. Por demandar muitos cuidados, é a causa mais freqüente de internação: 25% dos pacientes diabéticos vão para o hospital por este motivo. O que acontece é que o pé pode começar a sofrer alterações nos nervos periféricos, por causa do mau fluxo sangüíneo, provocando perda de sensibilidade e a formação de feridas que infeccionam, dificilmente cicatrizam e podem até levar à gangrena. Só para se ter uma idéia, um paciente com pé diabético perde tanta sensibilidade na região que nem sente quando machuca ou corta os pés.

Os sintomas aparecem de forma lenta. Pode fazer com que a pessoa sinta "agulhadas" nos pés, sensação de dormência ou queimação, choque ou todos eles juntos. E o probabilidade de apresentar a neuropatia (que provoca a perda gradual da função dos nervos devido à doença) aumenta à medida que a pessoa for ficando mais velha - quanto mais tempo de diabetes, maiores as chances. Os pés não são os únicos que sofrem. A neuropatia pode atingir tornozelos, pernas e mãos, porém é mais freqüente nos pés. O tratamento das infecções e feridas é muito importante, assim como a adoção de medidas, recomendadas pelo médico, para aumentar a circulação sangüínea.

Quem tem diabetes tipo 1, ou seja, níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue, apresenta variados sintomas. Perda de peso não-justificada, sede e fome exageradas, fraqueza, visão embaçada, vontade de fazer xixi diversas vezes, feridas que demoram a cicatrizar, repetidas infecções na pele ou nas mucosas, dores nas pernas causadas pela má circulação e um cansaço inexplicável. Já quem tem o tipo 2, na maioria das vezes, nem apresenta sintomas e acaba levando vários meses, ou até anos, para descobrir que tem a doença. Quando há sintomas, eles são ligeiramente vagos. Em geral, ocorre formigamento nas mãos e nos pés, visão embaçada, alta freqüência de infecções, e furunculose.

“O exercício físico auxilia na redução do peso e na redução da glicemia, por aumentar o consumo sangüíneo de glicose. Colabora, também, na redução do colesterol, dos triglicérides e da pressão arterial ”

Porém, para ter certeza de que os sinais são mesmo de diabetes, é preciso consultar um médico, que vai fazer o diagnóstico correto. Se existe tendência ao desenvolvimento da doença, isso precisa ser feito o mais rápido possível, porque é preciso ficar atento. "Na fase inicial, pode não haver manifestação de sintomas. Nos casos mais graves, geralmente no diabetes tipo 1, poderá ocorrer a desidratação, confusão mental, coma e morte", alerta o médico.

Como descobrir e tratar

A descoberta da doença, segundo o Dr. Lerario, é feita através da determinação da glicemia, ou seja, da glicose presente no sangue. Outros exames, como a medida da hemoglobina glicada e da presença de glicose na urina complementam a avaliação diagnóstica e auxiliam na escolha da estratégia terapêutica. Já o tratamento se baseia no incentivo à perda ou à manutenção do peso corporal, na adoção de dietas e exercício físico, no uso de comprimidos que reduzem a glicemia (antidiabéticos orais) e no tratamento com insulina diária. "O tratamento dietético é fundamental em todas as fases da doença, para melhorar o controle glicêmico e a dislipidemia. Já o exercício físico auxilia na redução do peso e na redução da glicemia, por aumentar o consumo sangüíneo de glicose. Colabora, também, na redução do colesterol, dos triglicérides e da pressão arterial", comenta o endocrinologista. Em crianças e idosos, segundo ele, o controle do diabetes é mais complexo e exige maior atenção.

Qualidade de vida

Pacientes diabéticos podem ter uma vida normal, apesar de uma série de restrições alimentares. É preciso modificar toda a rotina e criar hábitos que ajudem a manter a doença sob controle. Atividades físicas, por exemplo, ajudam a prevenir a hipertensão e o colesterol, a reduzir os níveis de glicose e melhorar a ação da insulina. Basta seguir as orientações do seu médico. Lerário aponta algumas dicas: "Evitar ganho ou reduzir o peso corporal, especialmente a obesidade abdominal, fazer exercícios físicos e se alimentar de forma adequada auxiliam bastante. Quando indicado, deve-se utilizar a medicação prescrita de forma disciplinada e participar ativamente do tratamento, fazendo o controle sistemático da sua glicemia. Assim, é possível manter o diabetes sempre sob controle", afirma.

Fonte:http://msn.bolsademulher.com/corpo/dia-mundial-do-diabetes-6030.html

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